Casos inusitados

Eu advogo há mais de 07 anos na área Cível e nunca tive pretensão de advogar em outra área, mas como atuo em uma comarca pequena do interior e que não possui defensoria pública, é comum que advogados sejam nomeados como advogados dativos dentro do fórum para audiências criminais de réus presos.
E é claro que uma nomeação pessoal para uma audiência em curso em que muitas vezes não há outro advogado para fazer, não tem como ser recusada e foi o que aconteceu comigo.
Audiência iniciada, o juiz ao interrogar o acusado sobre se ele teria sofrido alguma violência, esse de imediato responde: “sim, doutor, apanhei muito”.
E o juiz então logo perguntou se a agressão tinha partido dos policiais quando da prisão e aí que a situação mais inusitada e engraçada começou, pois o acusado negou que teria sofrido agressão por parte dos policiais, mas sim por parte da vítima.
O acusado começou a falar que acreditava que ele seria a vítima, porque teria ido apenas fazer um furto em uma casa para poder comprar droga, mas que quando o proprietário do imóvel chegou, que este era um verdadeiro “armário” que mais parecia um lutador e que teria lhe atacado com um taco de beisebol e que teria lhe batido “sem miséria” e que no final ele apenas teria apanhado e não teria conseguido consumar o furto, então que a suposta vítima deveria, na verdade, estar lá como acusado, pois teria lhe agredido.
Ao ser questionado sobre corpo de delito, ainda disse que não teria nenhuma marca porque o proprietário do imóvel era mais profissional que ele, já que ele não era bom nisso, pois tinha sido pego, enquanto o “lutador” conseguiu lhe agredir sem marcar.
Não fosse só isso, no final, terminou dizendo que não poderia afirmar que não seria pego de novo tentando furtar, já que ainda estava em aprendizado e por isso tinha mais chances de ser pego praticando o ato.
Sem dúvidas foi uma das audiências mais inusitadas que já participei.

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